📣 Hélio De La Peña e Ricardo Baronovsky
📌 15 de março de 2024
Hélio De La Peña é membro do grupo humorístico Casseta & Planeta; ator, redator, escritor, roteirista, engenheiro, apresentador e humorista brasileiro.
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Hélio De La Peña
Helio Antonio do Couto Filho nasceu na Vila da Penha, no subúrbio do Rio de Janeiro, mas ganhou fama como Helio de La Peña. Ele explicou que escolheu esse nome para honrar sua origem na Vila da Penha e também para fazer uma brincadeira com o nome "de La Peña", com um til, porque apesar de ser da Vila da Penha, naquela época, seu sonho era morar na Praça Saens Peña. Durante seus estudos de Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ele fundou o jornalzinho 'Casseta Popular', que mais tarde evoluiu para o grupo Casseta & Planeta. Helio ingressou na faculdade em 1978, onde também estavam Beto Silva e Marcelo Madureira na mesma turma. No primeiro ano, eles estavam envolvidos com política estudantil e decidiram criar o jornalzinho como uma forma divertida de abordar questões como melhores condições de ensino e a presença de mais mulheres na engenharia, que era um desafio na época.
Helio é filho de um escriturário e de uma professora primária. Ele relembra que a primeira edição do jornal tinha apenas quatro páginas e foram impressas 50 cópias usando o mimeógrafo à álcool de sua mãe. "Vimos que teve uma boa recepção e continuamos produzindo mais cópias. Na próxima edição, procuramos a gráfica do Centro Acadêmico da Engenharia e começamos a distribuir para outros campi da UFRJ."
Em 1980, eles convidaram Bussunda e Claudio Manoel para se juntarem ao grupo e começaram a produzir um jornalzinho com um escopo mais amplo, abordando questões de comportamento e política. Nesse período, também expandiram as vendas para incluir praias e bares. "Quando havia festivais ou encontros de estudantes, íamos lá tentar vender nossos exemplares, não é verdade?"
Em 1984, após Hubert, Reinaldo e Cláudio Paiva deixarem o 'Pasquim' e lançarem o jornal 'Planeta Diário' pela Editora Núcleo-3, o grupo começou a colaborar com essa publicação. Dois anos depois, em 1986, Helio, Beto Silva, Marcelo Madureira, Bussunda e Claudio Manoel propuseram à mesma editora a criação de uma revista de humor. "Claudio Manoel e Bussunda passavam o dia na redação, focados na revista. Enquanto isso, eu, Beto e Marcelo trabalhávamos como engenheiros em diferentes empresas. Contribuíamos na elaboração da pauta e na escrita, mas não tínhamos a oportunidade de passar o dia todo lá. Sentíamos uma certa inveja deles, adoraríamos estar mais envolvidos naquele ambiente."
Nesse período, surgiu a ideia de também realizar shows. "Nos apresentávamos em bares e pequenos locais, tocando músicas de comerciais, jingles antigos, temas de desenhos animados, sempre as versões originais que tínhamos em nossa memória. Não fazíamos paródias, apenas reproduzíamos as músicas como eram. Esse resgate musical foi bem recebido pelo público."
Ao mesmo tempo, Helio estava concluindo sua graduação em engenharia e começou a trabalhar na área. Em 1988, ele e os demais membros do grupo foram contratados pela TV Globo como redatores da 'TV Pirata', por convite de Cláudio Paiva, que ingressara na emissora como redator.
"A 'TV Pirata' teve um impacto significativo na época, pois foi o primeiro programa de humor sem uma claque, que indicava onde as pessoas deveriam rir. Nós confiávamos no timing das piadas. Além disso, os quadros eram longos. Acredito que o sucesso do programa se deve à sua diferenciação, inovação e à introdução de uma linguagem nova. Era único, não apenas na emissora, mas em todos os canais."
Entre os quadros escritos pelos 'cassetas', Helio destaca 'TV Macho', com Guilherme Karan, e 'As Presidiárias', que lançou Claudia Raia no papel de Tonhão. Ele também lembra da repórter interpretada por Debora Bloch, que era uma sátira das reportagens de rua e que aproveitaram bastante.
Com o fim da 'TV Pirata' em 1990, o grupo propôs um programa mais jornalístico, menos baseado em esquetes e mais centrado nas notícias, onde o tema principal era a estrela da história, não a interpretação. "Como não éramos atores experientes, fazer um repórter colocava o texto na frente da interpretação."
O primeiro programa feito exclusivamente pelo grupo foi o 'Doris Para Maiores', em 1991.
O programa teve apenas um ano de duração, até a estreia do 'Casseta & Planeta, Urgente!' em 1992, com a jornalista Kátia Maranhão como apresentadora. "Foi o mesmo ano do impeachment do Collor, o que nos impulsionou bastante. Nossa especialidade era fazer piadas com as notícias, e naquela época tínhamos acontecimentos muito impactantes para satirizar."
De 1992 a 1998, o programa era mensal, passando a ser semanal em 1998. Para administrar isso, eles realizavam reuniões conjuntas e depois se dividiam em duplas ou trios para escrever os quadros. "As gravações eram divertidas, uma verdadeira festa. O verdadeiro trabalho estava na criação e redação do programa. Quem decidia as tarefas era nosso diretor. Achamos que essa abordagem foi mais saudável para o grupo, evitando conflitos internos. Acredito que nossa longevidade no 'Casseta & Planeta, Urgente!' se deve muito à nossa relação com o Zé Lavigne."
Helio considerava as paródias como um ponto alto do programa. Entre elas, destacou a Chicória Maria, em referência à jornalista Glória Maria, o Mister PM em relação ao mágico Mister M, o Michael Jackson todo pintado de branco, e o Chocolate Cumprimenta, uma paródia da novela 'Chocolate com Pimenta', onde ele interpretava um chocolate que cumprimentava as pessoas.
"Um dos momentos marcantes para mim foi durante a paródia de 'Paraíso Tropical', onde eu interpretava a Mamila Peitanga, uma versão satírica da personagem de Camila Pitanga. Foi muito divertido, pois Camila interpretava uma prostituta apaixonada por Wagner Moura na novela. Uma vez, durante uma gravação na Avenida Atlântica, vestido como uma garota de programa, fui abordado por turistas que me perguntavam quanto eu cobrava pelo serviço. Mas na realidade, meu 'programa' era apenas o 'Casseta & Planeta'."
As coberturas da Copa do Mundo foram um dos momentos mais marcantes nos 20 anos em que o programa esteve no ar. Helio recorda especialmente a de 2002, quando todos permaneceram no Rio de Janeiro e não acompanharam os eventos ao vivo. Na final, o jogo terminou cedo devido ao fuso horário e eles foram para a orla de Ipanema-Leblon para gravar em um caminhão do Corpo de Bombeiros. Helio estava caracterizado como Ronaldinho Gaúcho, Bussunda como Fenômeno, Reinaldo como Zagallo e Beto como Felipão. "Quando saímos para gravar com o carro e nos caracterizamos como jogadores de futebol, nos tornamos a seleção que acabara de vencer, permitindo que as pessoas celebrassem com seus ídolos. Foi uma sensação incrível de ser um craque que conquistou a Copa."
O Mundial seguinte, em 2006, foi marcado pela tristeza da perda de Bussunda. “Foi devastador em termos pessoais porque, mais do que o profissional, Bussunda era um grande amigo de todos nós. Éramos sete, número ímpar, então nunca tínhamos empates em votações; toda essa harmonia se quebrou. Foi como se um cristal se quebrasse ali. Ele representava muito bem o estilo irreverente do Casseta”.
Para o humorista, a importância do 'Casseta & Planeta, Urgente!' está em seu formato. “Acredito que a mistura de humor com realidade, atualidades, jornalismo e notícias foi uma contribuição nossa. Além disso, brincar com personagens de novelas e levar adiante a cultura novelística brasileira em um programa de humor foi algo muito interessante”, afirma Helio, que durante esse período também se aventurou no cinema com 'A Taça do Mundo é Nossa' (2003) e 'Seus Problemas Acabaram' (2006).
Além dos dois filmes, a primeira década de 2000 também marcou a estreia de Helio de La Peña na literatura. Ele escreveu três livros: 'O Livro do Papai' (2003), 'Vai na bola, Glanderson!' (2006) e 'Meu Pequeno Botafoguense' (2010). O sucesso do primeiro foi tão grande que ele o adaptou para a televisão, criando uma série de quatro episódios para o GNT chamada 'Paidecendo no Paraíso' (2007). Depois, ele produziu alguns quadros para o Fantástico chamados 'É Pai, É Pedra', com Bruno Mazzeo atuando como pai, Gabriela Duarte como mãe, e Sergio Loroza como ginecologista.
“Esses foram projetos individuais que não tinham relação com o grupo. 'O Livro do Papai' foi escrito quando eu estava esperando meu segundo filho. Enquanto a Ana Quintela, minha atual esposa, estava grávida do nosso primeiro filho, João, eu estava tranquilo por já ter passado por isso com o Joaquim. Isso me permitiu ver a situação de forma humorística e criar uma caricatura da paternidade. 'Vai na Bola, Glanderson!' é uma comédia que aborda o sonho de um brasileiro em se tornar um empresário de jogadores de futebol. Agora estou em processo de adaptação para o cinema. E em 'Meu Pequeno Botafoguense', compartilho a história do Botafogo, minha grande paixão”.
Após as duas décadas de sucesso do 'Casseta & Planeta', Helio destaca que a maior mudança ao longo desses 20 anos foi o contexto. “O Brasil mudou. Quando começamos, havia poucas emissoras, poucos programas de humor e uma dinâmica de comunicação diferente. A televisão era muito mais unilateral”, observa Helio, que também estreou em outro filme brasileiro em 2014, 'Muita Calma Nessa Hora 2'.